Um Up

Dizem que mineiro não perde o trem.
E de fato é verdade, mas ansioso
O mineiro errou o lado.
A alegria foi o encontro.
Lado certo.

Passos rápidos para outro trem.

A esquerda é livre.
E teu sorriso libertador.
Sua voz acalanta.
Forte e suave feito o trem.

Seu olhar brilhava feito luzes quase extraterrestres ou lâmpadas de natal fora de época.
Verdes, azuis, amarelas, vermelhas.
De todas as cores.
Assim como o beijo suave que me fez flutuar.
Onde? Nas cores daquele lugar.

Gotas de chuva caíram sob sua pele macia.
Que arrepio!
Uma piscada. Um sorriso.

Ah! Que coisa boa!
Uma plantinha nova, uma rosa, você.

Com a garoa provei sua boca.
Seu toque gostoso.
Aquele abraco apertado ali no “cantim”.
E o ouvia dizer: “mineirim, bonito demais da conta!”

E o melhor de tudo. Era real.
Um Up sentimental.
Um afeto sem igual.

Quero sua suavidade.
Seu sorriso leve e
Sua gargalhada.
Sua “garoisse” (Licença a Guimarães Rosa).

E pena que teve fim.

Ainda sinto seu cheiro, como aquela flor
Do jardim, eternizada em você  por ser assim.

E sei que como trem volta, breve estaremos “juntim”.

Por Marquione Ban

Coisas bonitas

Não veja mais as coisas bonitas!
Não olhe mais as coisas do coração.
Olhe o sol nascido ao leste!
Olhe o por do sol ao oeste.
Veja só o que for real.

Não veja não as coisas bonitas!
Não olhe não as coisas do coração!

Veja o mar abraçar o rio!
Veja o Rio adentrar no mar!
O barquinho, lá longe, quebrar as ondas.
E as ondas nos encontrar.

Não veja não as coisas bonitas!
Não olhe não as coisas do coração!

Não olhe as flores. Não veja o verde.
Sinta o cheiro e o calor.
“Sombreie” debaixo das árvores.
Colha o fruto e deguste o doce.
Mas não veja as coisas bonitas
E não olhe as coisas do coração

Viva cada momento.
Viva as coisas bonitas.
Faça o belo seu pedaço de chão
Faça do coração sentimento.
Do sentimento força contra a solidão.

Não veja não as coisas bonitas!
Não olhe não as coisas do coração!

por Marquione Ban

22h40

É fácil a gente acostumar. Mais fácil ainda se apaixonar. Uma mente carente, distante e solitária encontra um cafuné. O que pode acontecer? O mais óbvio: o gostar.

Sei que gostar não é igual amar. Sei disso. Mas é fato que a partir dele se caminha para o amor ou espera-se que ele apareça.

Esperar é bem pior que andar. No caminho do gostar e do amar há sempre o efeito surpresa. Às vezes o amor salta a sua frente e arrebata você para trilhas. A  hora que isso acontece ninguém sabe. Só sabe-se que ocorre. Outra hora ele some. O caminho fica cumprido…

Qual a hora? Não sei. Nem mesmo onde andar, quanto mais onde os ponteiros estão.

O certo é que a gente grava as interrupções. As minhas eram as 22h40. E aqui estou. A espera. Tic tac, tic tac.

Olho na rua pela janeira e vejo o caminho e ninguém vem lá. Nem eu vou pra lá.

Onde está? São 22h40.

por Marquione Ban

O ciclo

É preciso construir cascas

A vassoura, a folha, a mulher, o vento e eu

Aquele momento que você para e pensa: o que eu faço aqui? É, sempre acontece comigo. Mas não é quando chego a um lugar. E sim sobre meus sentimentos.

Tenho sido um poço de tudo. De mim se extrai todas as formas de sentimentos. Todos os desejos. Tudo que há habita em mim.

Tenso? Sei que sim.

Essa tensão é que me faz pensar em quem sou eu.

Outro dia vi uma pessoa varrendo a rua. A árvore estava lá aparentemente parada. A mulher movimentava de um lado ao outro. As folhas caiam lentamente. Umas mais secas que as outras. A vassoura só obedecia.

Essa cena me fez pensar. Se sou um poço e há nele tudo, como posso me controlar? Mas a questão se complicou. Não sei se queria estar imóvel com a árvore ou movimentando, mas sem sair de um curto espaço como a mulher. E ainda tinha a resignada vassoura. Quem iria me conduzir?

Me dei conta que as folhas caiam porque já tinham feito sua missão para com a árvore. E um fator determinava o futuro delas.

O vento era o motor de todo o movimento dos personagens. As folhas voavam rua a fora. Umas fugiam da vassoura. Outras não.

Ainda não entendi tudo. Acho que nunca vou. Aquele momento que senti tudo, que sou tudo, sempre vai existir. Como todo esse movimento sem noção, nada faz sentido. E tudo se significa de saber.

Descobri que estava naquele momento apenas para observar. Outro dia estarei para movimentar. Ora obediente, ora circular, ora a fugir. Naquele momento eu estava a observar. Apenas a observar.

Sou um poço hoje. Amanhã o vento. Depois a folha. Muitas vezes a vassoura.

Por Marquione Ban

Estava faltoso com vocês

Olá! Tudo bem?

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Mamãe era muito católica. Nós somos.

Estava faltoso com vocês aqui no blog. Até tentei postar algumas coisas aqui nos últimos meses, mas estava complicado. No meu blog portfólio eu estava sem fazer postagem há mais de um ano. No entanto, tudo tem motivo. Os meus uma série de acontecimentos.

Seria mais assíduo a partir de agora. Mas gostaria de compartilhar com vocês alguns motivos dessa baixa frequência. Vou postar parte do texto aqui e convidar vocês a lerem o restante no outro blog.

O ano de 2017 foi uma ano que não quero lembrar muito. No entanto, de acordo com o muitos especialistas tenho de fazer memória. Um ano sem fazer uma postagem aqui. Sem ter cadência no blog O Anunciador. E nem conto o Pensamentos Póstumos. Foi um tempo que não desejo revisitar, mas necessito digerir.

Vamos ser redundantes e começar do começo.

Imerso na pressão da empresa viajei muito para Contagem onde havia uma unidade da faculdade. Perdi cabelos. Preocupação exacerbada com a campanha de vestibular. Números não batiam e quando batiam era para derrubar. Em oito anos de faculdade nunca havia vivenciado um período tão ruim para a educação superior quanto foi o início de 2017.

Com toda essa péssima prospecção nos restou atrasar o início das aulas e embrenhar março a dentro captando alunos. Resultado zero.

E março não trouxe coisa boa. Ainda em janeiro, ou dezembro, não lembro ao certo, minha fez uma cirurgia. Retirada simples da vesícula. Aparentemente. Em março seu médico nos liga e pede que comparecêssemos ao seu consultório. Neste dia, ouvimos abalados que mãe estava com um câncer. A vesícula se quer foi retirada. Estava atrofiada. O câncer era raro. Raríssimo. Se alojou no peritônio. Uma camada que temos e que envolve os nossos órgãos. Era o mesmo tipo que matou a Hebe Camargo.

Minha mãe faleceu em agosto. Isso me abalou muito.

Em suma, a páscoa de minha mãe me desanimou e muito. Mas por ela não posso parar. Tenho de caminhar. No blog Marquione Ban tem o restante do texto. Convido a ler.

Continue a ler aqui. 

por Marquione Ban

Sobre “13 Reasons Why”

Ser jovem não é fácil. Viver não é. Mas, quando seus filtros ainda estão se formando, isso se torna uma barra. Complicações surgem a cada instante. 
Lembro-me de como foi difícil passar por esse momento e como ele repercute em mimha vida até hoje. Decisões que tomei, atitudes  que não tive a ousadia de viver e fatos que não queria ter vivido. 

A série acompanha Clay que recebeu uma caixa com 13 fitas gravadas por Hannah Baker. Nelas ela descreve 14 razões que a levaram ao suicídio. Forte, não é? 

Não contarei fatos da série além desse. Até porque lhe indico a visualização dela o quanto antes. Mas, vou abordar o quanto essa ótima série mexeu comigo. 

Como estava dizendo nos primeiros parágrafos, não é facil ser adolescente. Jovem. A cobrança para que se torne um adulto de valor é enorme. E os adultos não lhe conduzem de modo claro. Pelo contrário. Parecem querer que você se ferre. 

Assim acontece com Hannah. Adultos que não sabiam ler seus sentimentos e medos. 

E pior. Jovens, que ainda sem filtros, sabem ser cruéis.  Não por pura crueldade. E sim, por não saberem ainda como lidar com tanto sentimento e hormônios. 

Lembro de quão ruim foi minha adolescência. A obrigatoriedade do beijo, do sexo para os meninos e da castidade pura virginal para as meninas. A pressão sobre a escolha da faculdade, da profissão. Ter de dat resultados quando nem se sabe o que são resultados. 

Imagina tudo isso em um indivíduo que carrega a imagem da “vadia”, da má amiga, da louca e etc. Hannah carregava tudo isso e mais um pouco. Lembrei que carregava comigo a obesidade, a sexualidade ainda não descoberta, a religiosidade como uma cruz medieval, a vontade de fazer sucesso. Tudo isso me aplacou. 

Como sobrevivi? 

Não sei. Não sei mesmo. Mesmo que Hannah não tivesse cometido o ato final ela teria de viver com todos esses dramas na fase adulta. 

Eu estou assim. Vivendo com eles. Como ligar o foda-se eu ainda não aprendi. 

Com 13 Reasons Why aprendi como devo tratar os jovens. Como é importante não ser cruel. 

Só vejam. Só vejam.  

O último homem

Seu dia e seu olhar.

O tempo abraça tudo. Apertou como uma mãe que não via seu filho há muito perdido. Todos se foram. Tudo se perdeu. E, restou um. O último homem.

Ele nada via. Nada ouvia. Só sentia, embora escondesse isso de si mesmo. Pensava que não tinha sentimentos. Tentava os ignorar quando na verdade eram eles que o movia.

No horizonte, apenas a linha do sol e da terra era possível visualizar. Vastos. Inalcançáveis. Assim era a vista de sua varanda. Seu olhar triste admirava a mais bela das visões nas alterosas de sua terra. Literalmente sua, pois ninguém podia tomar. Não há ninguém ou alguém.

O último homem vivia seus dias ali. Parado e observando o nada. Somente uma coisa lhe atormentava. E essa coisa é a pior que existe. A solidão era sua inimiga e companheira. Se havia diálogo? Não se sabe. O que se entende, é que o mundo era como um teatro vazio e o ator estava no palco. Em um monologo. Debatia consigo mesmo.

“Ser ou não ser?”. Não era a questão.

Ela era apenas falar ou não. Ele já era. Sabia que era. Só não aceitava ser o ser. Ser alguém.

Só estava ele. Porque queria? Creio que não. Era o último homem deste chão. Era apenas um ponto no entre a linha do horizonte. E era finito. Um fim teria. Deus sabe quando. Mas, existiria Deus? Assunto para outro dia. Outra era. Outra vida, que não haveria de viver. Afinal, era o derradeiro entre aqueles que pensavam. Que sonhavam com um outro mundo possível. Que nunca foi viável, apenas utópico.

Lá, na varanda estava ele. Nada via. Nada ouvia. Apenas estava lá.

Apenas estava lá. Só.

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Por Marquione Ban

Um indeciso chamado Eu

Quem nunca se pegou parado, refletindo no infinito ponto do nada à sua frente? Com o olhar perdido e vago? Creio que todos.

Infelizmente todos nós passamos por isso. A indecisão do pensamento. Seja ele autocrítico, seja para uma decisão, seja para o nada. O ócio toma conta e não é criativo. Não se faz útil.

– Por que sou assim?

Questiona o indeciso chamado Eu.

Eu poderia dizer quem sou se soubesse, mas como não sei nem onde vou não falo quem sou. Só saio perdido e meditando.

Foram tantos textos escritos. Tantas músicas cantadas. Foram muitas imagens processadas no cérebro e na alma. Dores sentidas e vividas. Alegrias! Sorrisos! Mas, que que nada adiantaram.

Ainda não sei quem sou o Eu. Que é o Eu?

Estou aqui. Com aquele olhar vidrado no nada e no tudo. Parado nas conexões de meus neurônios e enebriado no doce vácuo do pensamento.

Lá, nada tem. E ao mesmo tempo há tudo.

– Sou eu o indeciso Eu?

por Marquione ban 

Silêncio

Irmã Morte II

Irmã morte II Flertamos o tempo todo. Um dia para você temos, Mas momento algum lhe amamos. Oh Morte! Só, fria e…

Posted by Marquione Ban on Wednesday, November 2, 2016

 

 

 

Como o mundo realmente é

Não preciso explicar o que sinto e o que esse vídeo e música expressam. Apenas ver e refletir. Somo nós hoje, ontem e provavelmente amanhã.

Vídeo animação de Steve Cutts com a música do Moby.

 

Crônica de um “busonauta”

No ônibus outra cena singular.

Razoavelmente vazio, na linha que liga o Centro ao bairro Bethânia, Ipatinga-MG, especificamente, de número 604, via Rua Argel, toca o telefone. Um som, não ensurdecedor, mas digno de chamar a atenção de todos. A usuária, uma senhora, atende e como cantores de igreja, tapa o outro ouvido para ter um melhor retorno da chamada. O volume era alto a ponto de ouvirmos as palavras de quem estava do outro lado da linha. De repente ela solta sua voz. Um voz estridente, mas com dicção falha. Diz ela:

– Sabe os documentos que me pediram na prefeitura? São um monte. Tudo isso para dizer que meu lote é urbano ou interurbano. Veja se pode isso? Já resolvi. Agora é só a moça dizer se ele é urbano ou interurbano.

Ainda conversando ela dá sinal. Desce. E continua sua saga comunicacional. Seguimos em silêncio o resto do trajeto.

Por Marquione Ban

Os “manchetistas”: uma visão sobre ativistas políticos digitais, sobre nós

Sei que o termo não existe, mas quero usar de toda a licença poética que podemos adotar para vincular essa palavra ao que vivemos hoje em nosso país.

Como é sabido por todos, estamos no centro de uma crise político-democrática, moral, ética e etc. De um lado “coxinhas”. Do outro, “petralhas”. E, ainda, sob um muro, os que se dizem imparciais a tudo e lutam contra a crise e todos os seus protagonistas e antagonistas.

Esses personagens, coxinhas, petralhas e imparciais vem me deixando atônitos nesses últimos dias. Confesso que não sei como retiro pensamentos organizados para vos escrever. Isso porque, eles protagonizam batalhas épicas nas redes sociais. Suas armas são os enunciados. Manchetes variadas e de acordo com sua tendência partidária. Na maioria das vezes, falsas. Criadas apenas para moldar a pobre mente dessas personas digitais.

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