Uma noite muito foda

Não dei conta e tô aqui no meu exercício diário, que hoje vai ser duplo, de escrever sobre as experiências da internação e do tratamento da PTI. Essa noite foi foda. Meu Deus! Sou um ansioso e tudo que muda me deixa mais desperto.

Contudo, não sou um ansioso louco. Aqui no hospital a gente pensa que vai ser um mar de calma e ficar todos quietos. Engano. Como jovem padawans na arte da internação estou me formando em Jedi ainda. Yoda diria: hospital calmo deve ser,  não calmo é.

E essa noite já começa com minha expectativa de tomar a imunoglobulina que chegou. Ponto para ela. Aí a enfermeira do quarto faltou. Trouxeram uma outra da ala I. Ala psiquiatra. Penso que ela também deve ter algo psiquiátrico. Ela confundiu os remédios de todos. Se a gente não fica esperto tomamos remédio errado.

Desde as 20 um entra e sai no quarto e nunca acaba a medicação. Meu pulso de corticoide só foi colocado pelas 21h30 porque ela não tinha certeza da quantidade escrita no prontuário. Após decidir que ia diluir em mais soro o remédio ela simplesmente programou a aplicação para três horas e não duas como a médica havia prescrito. E ainda explicou:

Esse medicamento pode correr até por 12h. Não tem problema. (E sorriu)

Eu sorrir de nervoso e retruquei. De nada adiantou. Sou paciente. Ela só colocou e foi. Então as zero hora estava eu tomando o soro. E esse corticoide tira o sono. Resultado só cochilei.

Mas não para aí. Aferir a pressão minha e dos demais virou drama. Aferia e saia do quarto. Voltava. Mediu a glicemia. A minha estava alta e por recomendação médica faz-se a correção com insulina. Ela me deu meia dose da correção pois crer que ia abaixar demais. Pasmem, minha glicemia estava em 367. Com certeza vou estar com ela em 200 e 250 agora de manhã. Pimba, estava em 257. E disse que tava alta.

Essa moça, senhora de uns 50 anos, trabalha há 27 anos. Ela pensa que é Jedi (médica Jedi). Só pode.

Tudo isso é só a questão com a enfermeira. Quero ressaltar que não são todos assim. Ao longo da internação pequei tantos anjos que amam essa profissão e fazem com dedicação que transtornos piores se quer deram gatilhos ou marcas ruins. Vou escrever só sobre elas. Elas merecem. Paguem o piso!

Outra coisa que colaborou com uma noite inquieta é a educacao dos acompanhantes. Poxa, estou num quarto com idosos que não saem da cama. Os acompanhantes são lerdos. Exceto uma que é porreta. Brava e porreta. Os outros não sabem nem os remédios de seus pacientes. Entram no quarto inrompendo a porta como se ela fosse porteira de curral. E eu estou em um leito próximo a porta devido a reforma do hospital. Mas eles imitam as enfermeiras que fazem isso. Só porta aberta.

Não sabem fechar a porta. Acompanhantes coletam as urinas dos pacientes e nem descarga dão. Estou como o chato do quarto. Ansioso e de estopim curto dou o berro e falo toda hora. “Fecha a porta”! Em vão. Não devem ter porta em casa.

Um dos idosos passou mal. Gritou a noite todo. Estou com pena. Parece ter tido muita e estar tendo muita dor. Seu neto dormiu bem! É o acompanhante “bom de cama”!  Dorme que uma beleza. Observei que ele é o louco da Covid, mas fake. Isso porque não usa máscara, mas tudo que toca joga álcool. Cristiany é você?

Sabe, estar internado em hospital exige etiqueta. Etiqueta simples de não fazer barulho, fechar as portas, e principalmente não programar despertador no celular. Quem aqui vai ir trabalhar às duas da matina? Tomar naquele lugar. Desde as duas um despertador toca e a pessoa não sabem silenciar. Um saco.

É isso! Agora são 5h53, devo ter cochilado por uns três horas no máximo somado os cochilos e estou aqui com olhos abertos esperando a psicoenfermeira adentrar o quarto em um rompante desesperado para medicar e medir temperatura, pressão, glicemia e saturação dizendo que o turno acabou e que vai para casa.

Bom dia! E até mais tarde.

Por Marquione Ban!

Atualização! Corrigir uns erros de português que a mente de sono proporcionou, mas queria contar. Agora cedo eu que lembrei a enfermeira do meu remédio porque ela esqueceu de trazer. Espero que a enfermeira do dia seja a Mari de novo. Ela é ótima!